Insegurança Social
A minha ânsia move-me e busco o bruto em movimentos bruscos mas suaves de olhar curto Fácil de integrar mesmo pelos desatentos e a aflição descontraída e perversa de quem atenta e alimenta cada fulgor dos meus sentimentos Tento ter tempo e tento na língua Tento que não me comam o peito mas sim a barriga mas falta-me o jeito de parar e pensar pensar penso rápido na mesma ferida de sempre sempre caído pela mesma gente Te quiero solamente (além de mim) em todos os engates todas as esquinas para todos os tesões de todos os serões (para cada desejo um campo de minas) que atravessamos juntos sempre sem nos tocar em que não te me propões e fácil me afagas as dores inócuo esbates as cores dos olhos e abres fogos de todas as frentes e abates peões inocentes num sábado à noite qualquer não pensas sequer nas curvas obituárias de segunda a segundos de morrer e um rasto carmim até à periferia onde vivem os que cismam em sentir o insucesso da euforia do salário afinal… amar nesta economia? Desejos do tempo que ganho contigo e que perco no lucro para a vida A cada passo mais incerto mais longe do chão mais perto do teto A cada metro mais quieto desejos maioritários das ganas inberráveis do afeto
Então entrego-me à urgência de consumidor um método concreto e definido para combater o frio e o desamor e deixo a ânsia mover-me querido por vezes em silêncio por vezes em alarido.